Adoro (re)ver clássicos em tela grande. Acho que a presença do público [ouvir suas risadas, seus gemidos e pequenos sons e perceber suas reações] e a magia de estar dentro de um cinema mudam muito a perspectiva que nós temos a respeito dos filmes, em geral.
Por causa disso, sábado, 4 de junho, acordei cedo, me dirigi ao Teatro Nelson Rodrigues e revi pela 353463574756876 vez Crepúsculo dos deuses. Ele é parte da mostra História da Filosofia em mais 40 filmes.
O filme conta a história da relação de uma atriz do cinema mudo, esquecida por seus fãs e pela arte com a qual ela tanto colaborou, com um roteirista fracassado. Ela anseia um retorno, ele deseja fugir de credores.
Devo dizer que Norma Desmond, minha personagem favorita em TODO o cinema [coisas que só Billy Wilder faz por você], nunca me pareceu tão alucinada, tão digna de pena e tão fascinante como desta vez. O filme me pareceu ainda mais cru e amargo. E é ainda mais irônico quando o personagem de William Holden [lindo como em nenhum outro filme] diz, no fim, que a vida acabou tendo piedade de Norma Desmond e as câmeras se voltam para ela. Mas, o que ele não contava [nem nós] é que na última cena, cruelmente, a câmera embaçaria, o filme terminaria e ela não teria o seu tão sonhado close-up. A única personagem que não consegue o que quer [Joe Gillis tem sua piscina e Max “dirige” a cena do auge da loucura de Norma].
E pela 353463574756876 vez, eu me apaixonei pelo filme. Como cada uma das outras vezes.
“They took the idols and smashed them, the Fairbankses, the Gilberts, the Valentinos! And who’ve we got now? Some nobodies!”